Manor Lords: sério candidato a melhor jogo do ano
De sangue azul nas veias, o Central Comics experimentou o título mais falado do momento e encontrou em Manor Lords um dos melhores jogos dos últimos tempos.
Sinopse de Manor Lords
Veste o manto da nobreza e governa as tuas terras num jogo de estratégia medieval que mistura vários géneros, desde city builder, passando por simulador económico até batalhas táticas em larga escala. As estações passam, o clima muda e as cidades erguem-me… e caem.
Manor Lords está a ser desenvolvido pela Slavic Magic e distribuído pela Hooded Horse.
Análise TLDR de Manor Lords
Sempre que alguém inclui no CV que é fluente em 5 idiomas, sabe trabalhar com mil e um softwares, e ainda consegue fazer a espargata enquanto faz malabarismo com quatro motosserras em chamas, fico genuinamente surpreendido quando a pessoa prova que tem realmente todas estas competências, já que, normalmente, o que acontece é o contrário — quando chega a hora da verdade, a pessoa mal fala uma língua, o único computador em que mexeu na vida foi uma Playstation e nem um fósforo sabe acender sem se queimar. Na minha opinião, o mesmo se passa com os videojogos atualmente. Quando as promessas são enormes, fico imediatamente de pé atrás, e não me faltam razões para que assim seja. Manor Lords é a exceção que confirma a regra. Tenho acompanhado a evolução deste título. Se, no início, o meu ceticismo era grande, estou agora convencido que este vai ser um dos melhores jogos deste ano, dos últimos anos e, possivelmente, dos próximos anos.
Parece-me improvável que alguém não goste deste jogo, a não ser que odeie os géneros de city builder, colony survival e até RTS. Se não vos apetecer ler mais, é simples: parem aqui e vão (ou esperem para) comprar o jogo!
História de Manor Lords
Manor Lords é, acima de tudo, um city builder de progressão livre, de modo que não existe propriamente uma narrativa fixa, se bem que o cenário principal (por agora) coloca-nos nas vestimentas de um nobre enviado pelo rei para repor a ordem e enfrentar um barão rebelde que se anda a apropriar de terras.
Jogabilidade de Manor Lords
Por onde começar? Manor Lords tem tantas facetas que é difícil definir este título com um só rótulo. City builder, colony survival, simulador económico e diplomático, RTS… Enfim, as vertentes de jogabilidade deste título são diversas e complementam-se na perfeição. Além disso, tal como o tórax da Sydney Sweeney, a sua dimensão garante horas infindáveis de entretenimento e diversão.
Contudo, o desenvolvedor do jogo veio colocar alguma água na fervura e esclarecer que este se trata, acima de tudo, de um city builder com foco nas linhas de produção, portanto, é por aí que começo. Com fortes influências de Banished, mas muito mais polido e profundo, Manor Lords assume-se desde logo como um dos melhores no seu género nos últimos tempos. Temos de desenvolver a nossa colónia tendo em conta a alimentação dos habitantes e a sua satisfação quanto a confortos básicos e, numa fase avançada, mais complexos, desde acesso a água potável até a cerveja.
Por falar em cerveja, passemos às linhas de produção. Este também é um jogo em que temos de montar linhas de produção de forma a produzirmos os produtos de que precisamos, incluindo comida, roupa e armas. Sem serem demasiado complexos, os sistemas são completos, têm alguma profundidade e obrigam a um raciocínio estratégico para evitar estagnações económicas e outros problemas que podem colocar a progressão em risco.
Quanto à progressão, embora tenhamos a opção de ajustar a dificuldade e jogar em modo pacífico, o modo de jogo principal consiste em estabelecermos a nossa aldeia e em nos desenvolvermos até chegarmos a um nível que nos permita contestar as regiões livres ou ocupadas do mapa, enquanto competimos contra uma IA com o mesmo objetivo de controlar o mapa inteiro. Para tal, temos de ter uma indústria forte e capaz de sustentar um exército com força suficiente para derrotar, numa primeira fase, bandos de ladrões que nos vão infernizando a vida para recolhermos riqueza e acumularmos pontos de influência (que usamos para contestar regiões) e, numa fase mais avançada, os exércitos da IA, na forma de um barão rebelde. Mas esta é a vertente “macroestratégica” do jogo, já que também nos cabe orientar as nossas tropas no terreno, com o jogo a passar para uma jogabilidade muito ao estilo de Total War.
No geral, é mais ou menos tudo isto que a jogabilidade deste título nos oferece. No entanto, chamo a atenção para o facto de que, embora seja já um excelente jogo com bastante profundidade no estado em que se encontra, Manor Lords vai ser lançado em acesso antecipado e ainda existe bastante conteúdo por incluir. Se, por um lado, fiquei um pouco desiludido por não conseguir experimentar muitas funcionalidades do jogo, por outro, fiquei extremamente empolgado com futuro deste jogo. Se já me convence totalmente no estado em que está (e é com base neste estado que vou dar a minha classificação), não tenho dúvidas de que o vou considerar um dos melhores jogos que já vi quando atingir a versão 1.0, com todos os conteúdos incluídos e a funcionarem bem (esta última parte é muito importante).
Gráficos e som de Manor Lords
No que respeita a gráficos, Manor Lords é um jogo lindíssimo em todas as estações. Este é um título que, além de contar com um design de jogo ímpar, também nos oferece um design visual impressionante repleto de elementos estéticos, com texturas deslumbrantes e um estilo apelativo que ganha muita força tendo em conta que o jogo nos permite acompanhar todos os passos dos nossos habitantes, estejam eles numa linha de produção ou em batalha, sem que se perca um único pormenor do que se passa, um pouco ao estilo de Settlers.
Se bem que a um nível um pouco inferior, o som segue a mesma linha e também contribui para a fenomenal imersão que o jogo proporciona. Com uma banda sonora muito bem adequada, também somos brindados com os sons que se esperariam do local onde se encontra o nosso FOV. Por exemplo, se estamos a olhar para o bosque, ouvimos o som do vento a chocalhar as folhas das árvores, mas se nos deslocarmos para o mercado, ouvimos a azáfama habitual das deslocações dos nossos habitantes e os vendedores nas suas bancas a promoverem os seus produtos. Inacreditavelmente imersivo!
Postas de pescada e um par de botas
Tantos elogios e ainda nem chegámos à parte mais impressionante — Manor Lords está a ser desenvolvido por uma única pessoa! Pois é. A Slavic Magic é apenas um indivíduo (Greg) que investiu 7 anos da sua vida (até agora) para nos oferecer esta magnífica experiência. Por mim, o homem merece um Óscar de Melhor Cenas. Não me interessa que os Óscares sejam apenas para cinema. Neste caso, abria-se uma exceção.
Por tudo o que descrevo acima, é inevitável que recomende vivamente Manor Lords, mesmo sem saber o preço, já que pagaria de bom grado algo a rondar os 40,00 € por este título. A minha lógica é simples: Jedi Survivor custa 69,99 € e não proporciona mais de 60-70 horas de entretenimento a quem gostar do jogo (a mim proporcionou-me 4 ou 5 horas de sofrimento), ou seja, cerca de 1 € por minuto de entretenimento. Se Manor Lords custar 40,00 € (o que duvido seriamente e apontaria mais para algo à volta dos 25 € a 30 €), tem o potencial para proporcionar mais de 300 horas de entretenimento (a jogar muito, mas mesmo muito por baixo), ou seja, menos de 15 cêntimos por minuto de entretenimento. Qual é a dúvida?
+++
Jogabilidade, design do jogo e estilístico, gráficos, som e potencial.
—
Conteúdo em falta.
Classificação: 8,5/10
Contam-se pelos dedos de uma só mão os jogos a que atribuí uma classificação acima de 9 aqui no Central Comics e tive praticamente de me obrigar a não atribuir o 9 a Manor Lords. Após refletir um pouco, penso que o estado de desenvolvimento em que se encontra não me permite atribuir já um 9, pois há muito em falta. No entanto, não tenho grandes dúvidas de que, caso a versão 1.0 inclua tudo o que é prometido e continue a funcionar bem, atribuiria um 9,5 — incluam PvP e co-op, e o 9,9 está garantido.
Manor Lords passará a estar disponível no Steam a partir de 26 de abril
Para terminar, fica a dica indispensável: aconselho-vos a fazerem as vossas próprias contas, já que sou tão bom em matemática como a EA é em respeitar consumidores.
Plataforma testada: PC
Gameplay de Manor Lords:
Trailer de Manor Lords:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!