Análise BD: Saga volume 11

Brian K: Vaughan e Fionna Staples estão de volta com esta ópera espacial fantástica que alguém referiu ser uma mistura de Star Wars (no figurino, quantidade de mundos e alienígenas diferentes…) e Game of Thrones (no argumento incisivo, surpreendentes plot twists, ação, sexo e intrigas…) com a premissa de Romeu e Julieta com pano de fundo. Ora esta visão está correcta mas Saga é ainda muito mais.

As obras

Vaughan tem obras muito boas como Paper Girls que foi publicada cá pela Devir e que muita gente achou muito parecido com Stranger Things quando na verdade Paper Girls apareceu primeiro e é bem diferente. Y the last man é outra série espectacular publicada cá pela Levoir que também chegou com uma adaptação televisiva muito tardia e penou por isso.

A série foi cancelada e teria sido excelente se tem saído no ano em que apareceu a BD e esta seguisse a história dela sem modificações. Esta é uma série que recomendo bastante pois apesar de um final agridoce e um pouco decepcionante para mim, tem uma viagem incrível.

Estas e muitas outras bandas desenhadas do autor são muitíssimo recomendáveis, no entanto Saga, seria muito difícil de passar para o grande ecrã pela complexidade da história e do seu mundo construído (world building como é costume dizer em inglês).

Mundos e planetas imensos, raças e alienígenas variados, fantasmas, árvores que dão foguetões, armas laser, robôs com cabeça de tv, animais de espécies diversificadas, magia, guerras infinitas no espaço, personagens que nunca mais acabam…etc., e tudo resulta muito bem.

Mas o que se passa?

Dentro do argumento estão temas bem pesados como, a guerra, a diversidade e sua aceitação social, a xenofobia, o racismo, a imigração, sexualidade, atrocidades em tempos de guerra, violência, arrependimento, infância, parentalidade e uma amálgama de outras temáticas e sentimentos que fazem desta bd um hino à nona arte.

Convém dizer que esta BD é exclusivamente para adultos e as temáticas assentam como uma luva aos nossos tempos, infelizmente, na maior parte dos casos.

O hiato

A série teve um hiato de três anos por parte dos autores e confesso que foi demasiado tempo.

Compreendo que os autores quisessem dar um tempo de reflexão na obra, mas foi demasiado. Acho que todos os fãs perderam um pouco do entusiasmo e do encanto com a série, pois neste tempo todo surgem novas bandas desenhadas e outras histórias incríveis que fazem esquecer o que está para trás e exige agora um esforço por parte do leitor em se pôr novamente a par dos acontecimentos.

Depois de reler o volume 10, achei este 11 um pouco ainda de ambientação de personagens e ainda muito longe de mostrar o que me fez adorar Saga.

No entanto, já há qualquer coisa…

Alana, Hazel e Squire acabam num novo planeta, e continuam a ser os mais procurados da galáxia, Alana arranja um trabalho e os miúdos tentam fazer uns trocos como músicos de rua.

Mas obviamente as coisas começam a complicar-se e os enredos à volta começam a desenvolver-se onde se vê mais uma vez que a violência é uma fonte muito rica para se conseguir objetivos.

Mesmo quando as coisas se resolvem para os personagens principais, outros não padecem dessa sorte e um ciclo infinito de violência parece estar sempre presente. Enquanto Alana vê como poderá sair deste planeta, os acontecimentos com outros personagens bem conhecidos tomam lugar de destaque mas sem spoilar é difícil escrever nesta resenha…por isso é preciso ler meus amigos.

No fundo, não esquecendo que a narração é feita por Hazel já adulta, começamos a pensar novamente quantas pessoas irão morrer mais por causa de uma guerra entre pessoas que tem cornos e outras que tem asas e a desnecessidade de tudo isto.(curiosamente Staples não mudou a cor das raças …) Um planeta que não podia destruir o outro porque era seu satélite, levando a guerra para outros mundos, levando destruição para todos…

Saga começa novamente a levantar voo para aquilo que nos fez apaixonar por este épico fantástico e que irá supostamente terminar numa grande apoteose num volume 18 (assim espero).

Os desenhos

A arte de Fiona Staples continua incrível e deslumbrante, as cores são uma verdadeira maravilha visual e a conjugação da elegância do seu traço com os detalhes e pormenores da sua arte nas vinhetas eleva esta obra aos tais inúmeros prémios Eisner, Hugo e Harveys que já ganhou.

Já foi dito que o equilíbrio entre o realismo das ilustrações e o lado abstrato das suas sombras, cores e cenários fazem catapultar o argumento de Vaughan para um patamar de excelência na história do comic americano.

Muitos parabéns a esta dupla fantástica e que venha o volume 12 o quanto antes.

Compra com desconto e portes grátis