Jogos: Sam & Max The Devil’s Playhouse – Análise
A dupla de culto de detetives patetas, Sam & Max, regressa com a história The Devil’s Playhouse, uma ambiciosa nova temporada da franquia que combina com sucesso humor afiado, puzzles e uma narrativa sombria.
Jogo: Sam & Max: The Devil’s Playhouse
Disponibilidade: PC, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch
Plataforma testada: Nintendo Switch
Estúdio: Skunkape Games
Editora: Skunkape Games
The Devil’s Playhouse marca uma mudança notável no género dos jogos de aventura episódica point-and-click. Ao contrário dos seus antecessores, esta temporada eleva a qualidade cinematográfica com melhores animações de personagens, iluminação atmosférica e ângulos de câmara mais dinâmicos. Cada episódio parece um mini-filme, com arcos narrativos envolventes que funcionam individualmente, enquanto se entrelaçam numa narrativa de temporada mais ampla.
A história desta temporada gira em torno de Max que ganha poderes psíquicos de antigos brinquedos místicos. Essas habilidades permitem-lhe prever o futuro e teletransportar-se — poderes que encaixam perfeitamente na natureza bizarra do enredo de The Devil’s Playhouse. A narrativa mergulha profundamente na ficção científica e no horror lovecraftiano, colocando Sam, o detetive canino, e Max contra conspirações intergalácticas e deuses antigos.
A história é tão estranha quanto se poderia esperar da série, misturando humor negro com diálogos afiados e momentos de absurdo que frequentemente quebram a quarta parede. Por vezes, a narrativa quase se torna demasiado excêntrica, mas nunca perde de vista o que os fãs adoram: a interação constante entre Sam e Max. A química entre eles continua a ser tão irreverente como sempre, proporcionando muitos dos momentos de riso.
Onde The Devil’s Playhouse realmente brilha é no design inventivo dos puzzles. As habilidades psíquicas de Max são centrais para isso, introduzindo uma variedade de novas mecânicas que mantêm a jogabilidade fresca. Por exemplo, os jogadores podem usar a capacidade de “ver o futuro” de Max para antever desfechos possíveis, acrescentando um toque engenhoso à resolução dos problemas. Estas habilidades não são meros artifícios; estão integradas de forma fluida na estrutura dos puzzles, exigindo que os jogadores pensem fora da caixa.
Dito isto, alguns puzzles podem parecer obscuros ou demasiado dependentes de combinações aleatórias de itens ou habilidades. Há momentos em que a lógica do jogo se torna um tanto abstrata, o que pode frustrar aqueles que preferem uma abordagem mais linear para resolver problemas.
Mesmo que o jogo seja dividido em cinco episódios, a verdade é que nesta edição da Nintendo Switch vêm todos juntos para ser de mais fácil consumo. Cada episódio tem uma sensação distinta, muitas vezes mudando de cenário, tom e até mesmo períodos temporais, mantendo a experiência variada. Os episódios fluem suavemente entre si, oferecendo uma sensação satisfatória de progressão.
A escrita em The Devil’s Playhouse é simplesmente brilhante. Os diálogos de Sam e Max estão repletos de piadas, absurdos e momentos de humor. O jogo goza constantemente com os clichés dos jogos de aventura, a cultura pop e até consigo mesmo, de uma forma que se sente inteligente em vez de forçada. Nos seus melhores momentos, o humor é engraçado. Nos piores, pode parecer um pouco específico para os fãs familiarizados com as aventuras anteriores da dupla.
Visualmente, The Devil’s Playhouse é uma melhoria significativa em relação às temporadas anteriores. O estilo artístico exagerado e cartoonesco adapta-se perfeitamente ao tom surreal, e os ambientes estão cheios de detalhes excêntricos que recompensam a exploração. A atuação vocal é perfeita, com David Nowlin como Sam e William Kasten como Max a oferecerem performances que correspondem exatamente às personalidades das personagens. A banda sonora, composta por Jared Emerson-Johnson, também merece elogios pela sua versatilidade, alternando entre riffs jazzísticos de detetive e ambientes sci-fi sombrios sem nunca soar fora de contexto.
Resta concluir que, para fãs de jogos narrativos, peculiares e com uma queda para o bizarro, The Devil’s Playhouse é uma diversão diabólica.
Nota: 8/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.