Cinema: Crítica – Cuckoo
Tilman Singer está em Portugal no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, para promover o seu mais recente filme Cuckoo.
Quando Tilman Singer apareceu no circuito dos festivais de género em 2018 com Luz, o filme que acabara por ser a tua tese na escola de cinema, sobre uma taxista perseguida por uma entidade demoníaca, este tomou de assalto todos aqueles que se atreveram a aceitar o desafio, com uma obra de apenas 70 minutos. Foram precisos seis anos até vermos o seu regresso, com Cuckoo, uma produção com maior orçamento e um elenco mais conhecido do público.
Gretchen (Hunter Schafer) é uma jovem que se junta à sua família, o pai Luís (Marton Csokas), a madrasta Beth (Jessica Henwick) e a sua meia-irmã Alma (Mila Lieu), que se mudam para os Alpes Bavarianos. Lá, conhecem o enigmático Herr König (Dan Stevens), dono da pousada naquele bairro. Mas algo começa a não aparentar estar certo, quando Alma começa a sofrer de ataques que causam convulsões, e uma mulher loira estranha persegue Gretchen de noite, despoletando uma série de acontecimentos irreversíveis; que causam Gretchen a procurar fazer sentido de tudo.
Se Luz foi uma introdução impressionante por parte de Singer, Cuckoo está a um nível acima no que toca a produção, e o realizador aborda novamente o cinema de forma eficiente, não apenas com uma narrativa fora da caixa, mas também na sua realização. Trabalhando novamente com o director de fotografia Paul Faltz, estes criam sequências visuais que se aliam a um perfeito pesadelo claustrofóbico. É com grande gosto que vemos esta mescla de géneros a fundirem-se, prestando homenagem a clássicos do terror, enquanto é forjada um novo caminho.
Do outro lado está Schafer, que aproveitou muito bem a oportunidade de demonstrar o seu potencial como a próxima scream queen contemporânea, fora da série Euphoria, esperando ver a actriz em mais filmes de género, cuja criatividade cola perfeitamente com a forma que actua. Stevens parece estar a ter um ano em cheio, depois de aparições em Abigail e Godzilla x Kong: O Novo Império, estabelecendo definitivamente que está a abraçar papéis mais caricatos; algo que o actor tem vindo a fazer ao longo da sua carreira dentro do cinema de terror.
Assim, Cuckoo é um filme que verdadeiramente assombra, e é um enorme segundo passo para Tilman Singer, cuja elevação para o mainstream poderá abrir portas, restando ver se o realizador alemão irá continuar a sua abordagem única ao género e definir-se com um dos grandes cineastas do terror arthouse da actualidade.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.