Cinema: Crítica – Maxxxine
Ti West termina a sua trilogia no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa com Maxxxine, protagonizado por Mia Goth.
É muito engraçado ver como o círculo fecha. Foi há apenas dois anos que Ti West estreou X, que não só tornou-se num dos films de terror mais vistos do ano, como também rapidamente se tornou numa das maiores surpresas da sua carreira. Em cima disso, o plano ambicioso de West em criar a trilogia definitiva com Mia Goth, rendeu Pearl – uma prequela passada em 1918, e este Maxxxine, passado na década de 80, após os eventos de X.
Maxine Minx (Goth) continua a sua aventura em querer ser uma estrela. Popular em filmes de adultos, esta está desesperada de uma transição para Hollywood, e elevar o seu estatuto. É um objectivo que neste filme vê amparada, pois por Los Angeles vaguia um assassino em série, que parece estar a direccionar as suas mortes para actrizes de filmes adultos. Quando este assassino põe os olhos em Maxine, cabe a ela lutar e sobreviver, e cumprir o seu sonho de ser uma estrela.
O facto de West ter conseguido realizar três filmes com linguagens completamente distintas – X abordou o terror convencional, enquanto que Pearl tinha um contexto mais pitoresco – Maxxxine agarra em tudo o que fez dos anos 80 uma década de ouro, e estabeleceu Maxine como uma das mais importantes figuras neste mundo alternativo. É um feito extremamente bem conseguido e imersivo, onde os detalhes aqui realmente contam; desde da forma que a cidade respira, à banda sonora que celebrava o glam rock, nunca esquecendo a febre do pânico satânico.
Muito disto cai sobre Goth, que tem feito tudo para garantir que a sua carreira jamais cai em projectos que poderiam ser esquecidos, longe dos olhos das massas. Em Pearl recebeu o crédito de co-argumentista por todo o trabalho que desenvolveu com a personagem, e em Maxxxine é listada como produtora, algo que demonstra que está investida e é algo que transparece no seu protagonismo em todos os momentos do filme. Aliado a isto está um elenco composto de convidados muito especiais, entre eles Kevin Bacon, Elizabeth Debecki, Bobby Cannavale, Giancarlo Esposito, e muitos outros; que pintam este Hollywood de cores vívidas.
Assim, Maxxxine pode não ser o melhor da trilogia, mas é um filme que vive de forma intensa no mundo que cria e assume-se sem vergonhas em querer uma homenagem lisonjeira de Hollywood nos anos 80, e fá-lo com muito amor, carinho, e sangue. Muito sangue. Termina assim o ciclo de Ti West, que regressou em grande e se dedicou num projecto aplaudível pelas suas ideias, com uma execução mista entre os três filmes.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.